Bolsonaro prova invasão a sistema do TSE e toca fogo no circo


Depois do assédio judicial, desferido por diferentes tribunais, mas com os mesmos personagens, Bolsonaro toca fogo no circo. Disse que o STF está agindo fora das quatro linhas da Constituição e que o antídoto para para tal disparate poderia vir também fora do âmbito constitucional. Se desviando da guerra institucional, centrou o fogo no Barroso.

Em entrevista à Jovem Pan, concedido em conjunto com o relator da PEC do Voto Impresso, deputado Filipe Barros (PSL-PR), mostrou documentos que comprovam a invasão de um hacker ao sistema do TSE, durante quatro meses. Os documentos fazem parte de um inquérito da Polícia Federal, sob sigilo.

As provas foram conseguidas pelo deputado Filipe Barros, relator da PEC 135. Cai por terra a arrogância do iluminado ministro do STF e presidente do TSE, L. R. Barroso, segundo o qual o sistema seria inviolável, indevassável, inexpugnável. Quando o ministro vocalizou esta fack news, ele já sabia da existência do inquérito.

Prova mais uma coisa. Que o sistema não tem como detectar se estar sendo atacado. O tribunal só tomou conhecimento a partir de uma matéria publicada no site TecMundo, quando um repórter pediu que a corte se posicionasse sobre o assunto. Enquanto invadido, o sistema não operou qualquer defesa.

Segundo a matéria, “hackers alegaram que tiveram sucesso ao entrar na intranet do TSE e obter informações privilegiadas e confidenciais, como troca de emails, envio de senhas para juízes, credenciais de acesso etc.” Note para esse trecho da matéria em que o invasor diz ter sido, enfim, detectado, mas continuou tendo acesso:

"Passadas algumas semanas em que estive utilizando os equipamentos de rede do TSE, notei via emails dos técnicos da STI que os mesmos notaram tráfego suspeito (porque utilizei programas de scan na rede). Fizeram uma perícia para detalhar como o invasor conseguiu obter acesso ilegal à rede, mas mesmo com todos estes procedimentos de segurança que adotaram, incluindo a alteração de senhas de todas as contas, acabou não sendo suficiente para interromper meu acesso aos emails e também para a rede interna."

Depois que um cidadão fez a denúncia, baseado nesta reportagem, o tribunal solicitou à PF a abertura de inquérito. Em relatório ao delegado, TSE confirmou todos os dados das declarações do hacker à revista.

O inquérito não foi conclusivo sobre a existência de fraude, mas restou comprovado que o sistema foi invadido. Além do mais, uma estranheza: o registro dos logs, que mapeia cada passo do invasor no sistema, foi apagado, impedindo avaliação mais precisa sobre as atividades do hacker.

O resultado do inquérito, não fosse a ação do deputado Filipe Barros, tenderia a ficar sem o conhecimento da sociedade. Diante das estranhezas e da falta de medidas da corte eleitoral em relação aos fatos, o deputado Eduardo Bolsonaro já iniciou a coleta de assinatura para instalação da CPI da Urnas, ou a CPI do TSE.

Se alguém imaginava que o presidente se deixaria intimidar com o tiroteio dos togados, com explícitas ameaças de inelegibilidade, perdeu a aposta. Bolsonaro mantém o fogo aceso e aumenta a temperatura nas tensões políticas. Haja bombeiros. Ciro Nogueira até que tentou evitar o incêndio, agora cabe-lhe debelar e segurar Bolsonaro, o incendiário.