Sobre a morte de uma adolescente de 13 anos de idade, que era conhecida como Keron Ravach (Cosmo de Carvalho), chocou a cidade de Camocim, distante 370 km de Fortaleza. A estudante foi espancada até a morte, atingida com pauladas e socos. Amigos relatam que Keron era tímida, mas tinha o sonho de ser conhecida e se tornar uma digital influencer. Ela estava passando por um processo de transição de gênero.
Keron foi morta na madrugada de segunda-feira, 4. O acusado, um adolescente de 17 anos, foi apreendido em tempo hábil pela Polícia Militar de Camocim que diligenciava à procura do menor desde o cometimento do crime. De acordo com as informações, o menor acusado confessa o crime e afirma que se encontrou com a vítima para fazer um programa sexual, no entanto, houve um desentendimento quanto ao pagamento dos valores e ele matou a vítima. As agressões foram a facadas, pauladas, socos e chutes.
Conforme o apurado, o adolescente, que foi apreendido pela Polícia Militar 13 horas após o crime, é violento, inclusive ja têm 04 passagens pela polícia por furto, 01 por ameaça e agora outra por homicídio. De acordo com relatos ouvidos na DPC, ele já teria tentado matar a própria mãe. Com a elucidação do caso, foi pedido internamento do suspeito pela Justiça.
A vítima faria 14 anos no dia 28 deste mês. A rotina dela, conforme os amigos, era estudar e jogar carimba toda semana em uma praça. A maioria dos colegas que jogavam com ela eram da comunidade LGBTQ e, depois das partidas, seguiam todos para tomar banho de mar. A adolescente era criada por um familiar e tinha aproximadamente 10 irmãos, mas que moravam com famílias diferentes.
Os amigos da vítima destacam que, há 10 meses, outra LGBTQ foi assassinada na cidade de Camocim. Luana Kelly, de 22 anos, foi morta a pedradas e pedaços de pau. Na época, três suspeitos foram presos também em tempo hábil pela Polícia Militar de Camocim e indiciados por homicídio qualificado.
Beatriz Chaves faz parte do Fórum Nacional de Travestis e Transexuais, Negras e Negros e é coordenadora da Região Norte no Ceará. Ela afirma que o crime foi bárbaro e deixou a cidade chocada. "Aqui é uma cidade pacata, aí a gente acorda com uma notícia dessas. Um absurdo feito com uma pessoa LGBTQ em transição (de gênero), e que era praticamente uma criança. Não tinha passagens pela Polícia", relata.
No Boletim da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o órgão "descartou que o ato infracional tenha ocorrido em razão da orientação sexual da vítima". A pasta destacou ainda que a investigação foi remetida ao Poder Judiciário, "para tomar as medidas necessárias em relação à infração do qual o adolescente é suspeito".
Fonte: O Povo (Jéssica Sisnando)