O interrogatório deve ser marcado por protestos. Familiares, amigos e companheiros de farda dos militares prometem realizar uma manifestação não porta do Fórum durante todo o tempo que durar a audiência. Eles clamam por justiça e pedem que os PMs sejam libertados, já que não há condenação. Vários militares alegam que estão presos injustamente, por não teriam tido nenhuma participação no massacre das 11 pessoas.
O caso ganhou espaço na Mídia nacional, chegando a ser reportagem especial em várias redes de televisão. A chacina aconteceu na madrugada do dia 12 de novembro do ano passado nas ruas dos bairros Curió, Lagoa Redonda e Conjunto São Miguel, comunidades vizinhas localizadas na Grande Messejana.
O motivo
O caso foi investigado durante nove meses pela Delegacia de Assuntos Internos (DAÍ)< da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos da Segurança Pública e do Sistema Penitenciário (CGD). Sigilosamente, uma força-tarefa composta por três delegadas, escrivães e investigadores, colheu pistas sobre o complexo episódio. À pedido do governador do Estado, Camilo Santana (PT), a Polícia Federal contribuiu nas investigações através de seu Departamento de Perícia Criminal, em Brasília. A Justiça autorizou a quebra do sigilo telefônico dos PMs investigados e colheu outras provas, como filmagens de veículos e até mensagens trocadas pelos suspeitos através do aplicativo WhatsApp.
O motivo do massacre seria uma vingança coletiva de policiais pelo assassinato de um colega de farda. A morte do PM horas antes, durante uma tentativa de assalto, teria desencadeado um plano montado às pressas pelos militares para fazer uma “limpeza” na área, isto é, eliminar bandidos. Contudo, as investigações mostraram que das 11 pessoas assassinadas – além de outras que foram baleadas, mas sobreviveram – apenas duas possuíam histórico criminal.