Conversas entre PMs no WhatsApp deram pistas sobre suspeitos da chacina na Messejana

Cinco meses após a maior chacina ocorrida em Fortaleza,  finalmente, deve seguir ainda hoje  (11) para a Justiça o inquérito policial instaurado pela Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos da Segurança Pública e do Sistema Penitenciário (CGD). As investigações sobre a matança de 11 pessoas e ferimentos em outras sete deve indiciar, pelo menos, 38 pessoas, a maioria policiais militares.
E foi através de um grupo batizado de “Zello”, no aplicativo whatsApp, que reúne apenas policiais militares, que as delegadas  responsáveis pela investigação conseguiram chegar aos  suspeitos.  No grupo restrito, onde PMs  trocam informações, foi possível detectar os diálogos que se seguiram momentos antes do início da sequência de assassinatos na madrugada do dia 12 de novembro.
As imagens veiculadas por uma emissora de TV local ajudou também a identificar alguns dos suspeitos. A reportagem reproduziu uma filmagem feita através de um celular por alguém que estava próximo a um dos locais de crime. Na gravação é visto um carro saindo do local onde um dos 11  homens foram executados. A placa foi descoberta na filmagem.
A investigação tomou mais de 200 depoimentos e localizou também policiais militares que estavam de serviço no dia da chacina e na área onde esta aconteceu. Várias viaturas do 16º BPM (Messejana) se dirigiram aos locais de crimes e os PMs que estavam nelas tiveram seus celulares rastreados. Foi assim que, passo a passo, as três delegadas da Delegacia de Assuntos Internos (DAÍ) da Controladoria foram formando um “quebra-cabeça” até identificar os responsáveis pela morte das 11 pessoas.
Balística
Outro recurso importante foram os exames de comparação balística  realizados a partir dos projéteis de balas retirados dos corpos dos mortos e a confrontação destes com as armas apreendidas dos suspeitos.  Para tanto, a  equipe do Núcleo de Balística da Perícia Forense do Ceará (Pefoce) contou com a colaboração da Polícia Federal.
O trabalho minucioso de três delegadas da DAI teve, ainda, a colaboração e o acompanhamento de três promotores de Justiça designados pela Procuradoria Geral da Justiça (PGJ), através de sua Coordenadoria Especial de Controle Externo da Atividade Policial.
A chacina ocorreu entre os bairros Curió, Lagoa Redonda e Conjunto São Miguel, na Grande Messejana, na madrugada do ai 12 de novembro do ano passado, horas após o assassinato de um policial durante uma tentativa de assalto em um centro de treinamento esportivo, na Lagoa Redonda, onde o PM e colegas de farda participavam de uma partida de futebol.  Das 11 pessoas mortas, sete eram adolescentes.