Já o percentual de condenados aumentou 336%, segundo jurista que integra comissão para mudança do Código Penal
Rio - Um dos integrantes da comissão que elaborou o projeto de mudança do Código Penal, o jurista Luiz Flávio Gomes revela que, em 23 anos, o número de presos provisórios no país — aqueles que ainda não foram julgados — cresceu 1.231%. Muito mais que o número de condenados no mesmo período, que registrou aumento de 336%.
Os dados foram obtidos em pesquisa que utilizou informações do Sistema Penitenciário Nacional atualizadas até junho de 2013. A reforma do Código Penal tramita no Senado.
E o que foi detectado?
O que observamos é que as prisões falham em reintegrar os presos à sociedade. Entre 2012 e 2013, foram abertas 7.046 vagas no sistema prisional, mas foram presas mais 26.024 pessoas. Ao mesmo tempo, a taxa de presos que exerce alguma atividade educacional é de apenas 11%. As prisões acabam virando fábricas de bandidos.
Há disparidade entre o número de mulheres e homens presos?
Há muito mais homens presos, mas entre 2000 e 2013, o número de mulheres encarceradas subiu 257%, enquanto o aumento entre homens foi de 141%. Isso acontece porque eles estão colocando as mulheres na linha de frente do tráfico de droga.
Os dados foram obtidos em pesquisa que utilizou informações do Sistema Penitenciário Nacional atualizadas até junho de 2013. A reforma do Código Penal tramita no Senado.
INFORME entrevista Luiz Flávio Gomes
Por que ocorrem tantas prisões provisórias?
Isso acontece porque os juízes, assustados com a criminalidade, estão determinando uma quantidade muito maior de prisões. O número de presos provisórios em 2013 era 13 vezes maior que em 1990, enquanto o de condenados quadruplicou no mesmo período. Uma pessoa só pode ficar até 120 dias presa sem ser julgada, mas nem sempre esse prazo é respeitado. Magistrados acham que, ao prenderem mais, vão diminuir a violência, mas este efeito não foi observado
E o que foi detectado?
O que observamos é que as prisões falham em reintegrar os presos à sociedade. Entre 2012 e 2013, foram abertas 7.046 vagas no sistema prisional, mas foram presas mais 26.024 pessoas. Ao mesmo tempo, a taxa de presos que exerce alguma atividade educacional é de apenas 11%. As prisões acabam virando fábricas de bandidos.
Há disparidade entre o número de mulheres e homens presos?
Há muito mais homens presos, mas entre 2000 e 2013, o número de mulheres encarceradas subiu 257%, enquanto o aumento entre homens foi de 141%. Isso acontece porque eles estão colocando as mulheres na linha de frente do tráfico de droga.